A recente crise social, econômica e política decorrente da pandemia do COVID- 19 tornou evidente uma questão que vem se desenhando cada vez mais urgente ao longo dos tempos: a necessidade de atenção e cuidados com as questões emocionais da população. Não apenas em decorrência do isolamento e de todas as restrições impostas por conta da pandemia, mas enfatizados por eles, as pessoas tomaram consciência de como a saúde envolve aspectos mais complexos que apenas os de ordem física. A despeito do conceito já bastante disseminado acerca da saúde pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o período recente nos fez sentir, mais que entender, que talvez estivemos negligenciando um aspecto bastante relevante do nosso bem-estar e consequente qualidade de vida. Não se trata apenas de buscar tratamento para transtornos mentais já diagnosticados ou suspeitos, mas da necessidade de se olhar com atenção para aqueles conflitos emocionais próprios do cotidiano para os quais muitos de nós não conseguimos encontrar soluções e que acabam afetando o nosso equilíbrio emocional, ocasionando estresse e conflitos intra e interpessoais e profissionais. Saúde Emocional e Saúde Mental são conceitos diferentes, mas que guardam entre si semelhanças importantes. Nem sempre aquele que não recebe um diagnóstico médico para os seus conflitos emocionais ou comportamentais está em condições de dispensar acompanhamento profissional. Por isso, a assistência à saúde emocional e mental da população a partir de uma visão multiprofissional pode oferecer um cuidado não apenas em uma perspectiva restaurativa, mas de prevenção de sofrimento e promoção de saúde e bem-estar e qualidade de vida.